segunda-feira, agosto 13, 2012

Persistência



Hoje vou contar quatro histórias da minha vida.

Recreio
Lembro quando ainda criança na hora do recreio, costumava brincar no patio da escola de várias brincadeiras.
Sempre fui magro e com facilidade de correr, pular, esquivar e me movimentar em geral, por isso adorava brincar de polícial, que cuidava da cela e de ladrão que corria dos policiais e ainda libertava outros ladrões não importando qual o personagem.

Eu não era o mais rápido, mas sempre me impressionei pelo fato de que os outros meninos sempre desistiam de correr atrás para me prender no meio da corrida quando eu era o ladrão, ou desistiam de fugir quando eu  estava correndo atrás como polícia. Eu me perguntava o porque deles simplesmente parerem e deixarem serem pegos, e quando paravam demostravam que não era por estarem exaustos ou porque haviam perdido a corrido, eles paravam com uma cara de "desencana". Eu me perguntava se eu que era um bobo de levar tão a sério a brincadeira e sempre ir até o fim e não deixar nunca ser pego, imaginava "Será que faz parte da brincadeira deixar ser pego de vez enquando?"

Catecismo. 
Lembro quando comecei a fazer aulas de catecismo. Foi bem na época que passaram de 1 ano para 2 anos de aulas, todos os sábados pela manhã. Para mim era uma tortura ter que acordar cedo todos os sábados de manhã. Tinham vários amigos da rua que começaram junto comigo. Eu fazia as aulas muito mais porque era obrigado pelos meus pais.
Quando chegamos na metade do curso, a maioria começou a desistir. Eu também não estava gostando, não estava levando muito a sério e para mim essas aulas não tinham muita relevância. Decidi desistir, sair por não valer de nada para mim, mas, tive que travar um luta com meus pais para que deixassem eu sair, acabei perdendo, e continuei até a primeira comunhão.

Carteira de Motorista
18 anos, estava para tirar minha carta de motorista, não costumava dirigir, meu pai nunca deixava pegar o carro, peguei o novo sistema que tinha que fazer aulas teóricas (CFC) e 15 aulas práticas. Me sai bem nas aulas práticas e fui fazer o teste e falhei pela primera vez.
Acabei falhando também na segunda e terceira vez, e a cada vez que falhava aumentava a pressão para a próxima vez. Foi então que pedi para meus pais pagarem pra eu passar logo. E eles negaram.
Daí pratiquei mais com o carro do meu pai, do meu irmão e fui e passei no teste. Me emocionei.

Judô
Na minha adolescência sempre quis fazer uma arte marcial e foi então que minha mãe me colocou no Judô, eu na verdade queria algo como Kung Fu ou Karate, pra treinar chutes e voadoras, mas me identifiquei com a filosofia do Judô. Peela minha aplicação me tornei um dos melhores da acadêmia na minha categoria. Eu tinha um ótimo equilíbrio entre condição física, técnica e vontade. Mas o que me destacava era a garra de não desistir até o oponente cair no chão, nem que fosse um koka. E eu ia ganhando dessa forma, arrancando, golpe por golpe, imobilização por imobilização, até vencer pelo cansaço.

Essas quatro histórias mostraram que existem um fluxo natural, uma inércia intrínseca nas pessoas em temer o êxito, em se amedrontar com a possível derrota, seria a maneira do cérebro duvidar do próprio corpo e habilidade. Grande parte das pessoas são assim... e isso é ótimo!
Aqueles que acreditam que é possível acontecer criam essa aura positiva do que pode acontecer. Acredito que parte dessa positividade vem de um ensino orquestrado como no caso da carteira de motorista e do catecismo e a outra parte é instrínseca como nos demais casos que mostram uma pré disposição natural pra vencer. Essa motivação faz com que sempre haja um objetivo e que para chegar a isso o caminho exige determinados pré-requisitos e os que não desistem são os que alcançam.

Esse tipo de pessoa me da medo. Medo por não se posicionarem, de desistirem tão facilmente, não conseguem seguia a diante em um projeto, numa carreira, num relacionamento, a qualquer momento tudo pode acabar, tão de repente e tão inesperado é algo que nunca se terá certeza.


Ronaldo