quarta-feira, março 24, 2010

Os pernilongos não viajam

Koh Samui mkt, Thailandia


Quando voltei para o Brasil, há 2 meses, estavamos em pleno verão, como sempre, calor e muito sol, além de malditos pernilongos, sempre eles.

Todos em casa reclamavam deles dando rasantes perto da orelha, tirando sangue como um vampiro, fazendo um barulho horrível. No entando, estranhamente, percebi que não me queriam.

Eu deixava a porta aberta o dia todo e dormia com a janela também aberta e mesmo assim minhas pernas amanheciam intactas.

Um vez li um artigo que dizia que os pernilongos são atraídos pela respiração das pessoas. Dessa forma logo concluí que pela nossa respiração se exala o cheiro do alimento que comemos e isso atraí os pernilongos.

Bingo!

Como minha alimentação no Brasil é diferente da alimentação em Sydney e em Londres, os pernilongos ficaram perdidos sem saber que eu estava ali.

Os pernilongos não tem o hábito de viajar, experimentar o novo, desbravar novos territórios, acabam nascendo, vivendo e morrendo no mesmo perímetro. Sem conhecer outros pernilongos de culturas diferentes. Eles passam a vida isolados num mesmo grupo de pernilongos como eles, sem se dar conta da pluridade de gostos que estão perdendo ou de cheiros que nunca vão conhecer. E quando tem uma carne nova no pedaço acaba resultando nisso, falta de percepção para notar algo diferente. Acabam com a mente fechada somente acreditando no que é a verdade absoluta para eles.

Hoje, depois de muito arroz, feijão, tempero brasileiro, bife e batata frita, estou adaptado novamente. E esses malditos pernilongos não deixam mais minha perna em paz.

quinta-feira, março 18, 2010

Do not Fuck with us


Ha muito tempo assisti Clube da Luta. Está dentro do meu TOP Five de filmes favoritos.

Muito complexo. Sociologicamente é muito profundo, expondo os issues da forma como o capitalismo se espalhou gerando distorções entre as classes sociais. A superficialidade da sociedade de plástico baseada em bens materiais - adquirir, ter, possuir.

E individualmente é muito perturbador, demonstrando duas faces de um indivíduo gerado por essa sociedade. E ao mesmo tempo mostra um estágio mais avançado de um mesmo indivíduo como um possível resultado corrompido gerado por essa mesma sociedade. É, esse trecho ficou confuso mesmo para não revelar facilmente o desfecho do filme.

Porém o importante mesmo é o conteúdo do filme. A mensagem que passa é uma explosão anárquica do status quo da sociedade, com a classe mais baixa se revelando.

Essa parte do filme sempre passou batido pra mim, pois nunca havia tido contato com empregos manuais.

Empregos como, garçom, pintor, lavador de pratos, taxista são como um choque de realidade. Traz um verdadeiro sentido de: "para que realmente serve o trabalho". Para sobrevivência , status, girar a economia, se sentir vivo ou te posicionar na sociedade?

Trabalhos manuais são uma passagem da vida que traz um grande aprendizado, o de valorizar o custo de se ganhar dinheiro de se viver no limite. Que ao meu ver parece ser oque se perde quando tudo se torna muito mais fácil, pois até mesmo o dinheiro perde o valor real, se tornando apenas mais um pertence para comprar mais pertences obsoletos.


segunda-feira, março 15, 2010

A descartabilidade do lugar

Cairns, Australia


É bom chegar a um lugar novo e diferente. É bom chegar em um lugar velho e nostalgico, cada um deles tem sua forma de beleza.

É gostoso sentir o gosto dos alimentos, os tipos de comida que voce coloca pela primeira vez na sua boca, ver os diferentes tipos de pratos e talheres que utilizam, as diferentes roupas e cores que vestem, a voz e língua das pessoas, tudo tem um ar de tão novo, renovador.

Ao passar um período essa sensação se vai, como algo descartável e a comida que alimentava tão bem começa a pesar, de um alimento de vital para a ser um envenenamento, que trás devolta anseios por plena satisfação e anseio por algo diferente, novo.

Com as pessoas acontece o mesmo, elas começam com histórias interessantes no primeiro momento, há um enorme prazer em escutar, uma paixão por histórias tão particulares que soam como uma sinfonia interessante e prazerosa. Mas ao passar um período as pessoas se tornam rotineiras, chatas, críticas, com as mesmas histórias de sempre.

É hora de seguir, há novos lugares para se conhecer, novas comidas para se experimentar, outras histórias para se sugar.

quinta-feira, março 04, 2010

Pernas pra que te quero

Vigeland Sculpture Park - Oslo, Noruega


Existe uma história dos pesquisadores de animais selvagem que diz: Para não ser comido por um crocodilo, você não deve dormir duas noites no mesmo lugar. E sim cada noite acampar em um lugar diferente, pois assim os crocodilos nunca te atacarão pela noite.

O crocodilo passa uma noite pra sentir o ambiente, analisar os perigos, sentir o comportamento da presa e entender sua rotina. E na segunda noite se houver o mesmo ambiente comum da noite anterior ele se sente seguro para atacar. Isso quer dizer, voce pode passar 1 mes, 1 ano ou a vida toda mudando de lugar dentro de um raio pequeno que os crocodilos nunca te atacarão.

É assim que funciona a natureza. Lógica, prática e simples.

No entando o homem não pensa assim, existe o medo, a ansiedade, a balança do julgamento chamada inconciente. Por medo não nos movemos, tendemos a ficar estáticos no mesmo lugar, sem reação sem expressão, morto e estagnado. Esperando o ataque do crocodilo.

O mundo funciona em um ciclo e nosso papel está sempre mudando. Quando há movimento não há uma rotina, não há chance para sucumbir, ser ultrapassado, de ficar obsoleto.

Trilha sonora: Halo, Beyonce

segunda-feira, março 01, 2010

O exercício da leitura

Bairro charmoso de Plaka - Atenas, Grécia


Ler um livro..

O Efeito de um livro em mim..

Nao gosto do começo, nunca.

Demoro até entrar no ritmo, estou acostumado a tudo acontecer depressa, tenho desejo de estar conectado a história logo no começo.

O livro descreve, isso demora. Quero conhecer os personagens logo, de um só vez todos eles, que vou acompanhar até o final da história. O livro conta um a um, capítulo por capítulo, demora demais.

Adoro o meio do livro, é a parte que me envolvo. Que estou mergulhado, interagindo, que tiro reflexões, o ápice. Quando tiro lições para mim.

Odeio o final do livro, não consigo ler. Faltando 2 ou 3 capitulos para o fim tudo se perde, a conectividade, a interação. E o final vem se arrastando nesses capitulos restantes. Isso pra qualquer tipo de livro, os capitulos finais são chatos.

Talvez isso aconteça porque estou acostumado com a mecênica de filmes, afinal pegava 8 filmes por semana trabalhando pela Blockbuster, o filme tem estilo mais dinâmico, onde sempre o começo é eletrizante e desperta, depois segue para um meio intrigado com conteúdo e um final surpreendente, rápido e rasteiro, sem delongas.

Contudo como dizem: a vida é um livro, mas o final não pode se arrastar como tal e tem que passar por momentos dinâmicos como num filme e momentos no estilo video clipe. Afinal, a sociedade hoje vive da pluridade, somos multimídia, queremos tudo, todos, abraçamos o mundo com as pernas.

Trilha Sonora, Jai Ho (you're my destiny)